Presidente da Frente Parlamentar de Atenção à Saúde Integral do Homem, o deputado federal Sérgio Vidigal (PDT-ES) realizou nesta terça-feira (26), o 12º Fórum de Políticas Públicas e Saúde do Homem. Neste ano, o tema foi a “Saúde do Homem no Setor de Transportes”.
Durante o fórum, Sérgio Vidigal comentou que é necessária uma nova política de saúde para o trabalhador do setor de transportes, a qual precisa estar ligada a outras políticas.
“Pensarmos em mobilidade urbana ou na recuperação de rodovias não representam apenas medidas que tratam de logística ou de racionalizar deslocamentos. A qualidade de vida das pessoas, e por consequência a sua saúde, é afetada por elas”, disse.
E ainda disse que, a partir desse debate, o poder público poderá definir as normas gerais que guiarão o Sistema Único de Saúde (SUS) e também os estados e os municípios na elaboração de suas próprias normas, mais detalhadas.
O deputado destacou ainda a necessidade de atenção à saúde mental dos trabalhadores em transporte, registrando que as atividades ligadas a esse setor possuem elevado risco físico também.
“Esses riscos advêm das condições de trabalho, que incluem ruído, calor, ventilação e aspectos ergonômicos”, disse.
E completou: “Novas políticas públicas para a saúde dos trabalhadores dependem da nossa interação. E isso serve para os níveis federal, estadual e municipal”.
Convidados
Participaram do encontro representantes do Ministério da Saúde: o coordenador de Saúde do Homem DAPES/SAPS, Danilo Campos da Luz e Silva; da Coordenação Nacional de Saúde do Trabalhador, Heloiza Helena Casagrande Bastos; e da Coordenação de Agravos e doenças Não Transmissíveis, Rayone Moreira Costa.
Além disso, estiveram presentes representantes: do Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Sest/Senat), Katiene Holanda; da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), Arilson de Sousa Carvalho Júnior; da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego, Ricardo Irajá Hegele; e o presidente do Sindicato do Trabalhador Rodoviário, Luiz Aníbal Vieira Machado.
Sest/ Senat
Katiene Holanda destacou as ações da entidade e informou que, foram realizados, em 2018, 5,2 milhões de atendimentos, sendo que 65% foram para os trabalhadores dos transportes 35% para a comunidade, isto é, profissionais de outros setores que procuram o Sest/Senat para se capacitarem em cursos no setor do transporte.
Segundo ela, há campanhas e palestras feitas pela instituição, em empresas e em pontos onde estão concentrados os trabalhadores, o que totaliza mais de 497 mil participantes em campanhas e palestras, entre outras ações feitas pela instituição.
“Nós temos 149 unidades operacionais, distribuídas em todo o território nacional. Se esse caminhoneiro está em trânsito, ele tem prioridade e pode parar em qualquer uma dessas unidades para ser atendido”, destacou.
SBU
Dr. Arilson de Sousa Carvalho Júnior disse que a população masculina está mais vulnerável a problemas de saúde, pois procuram menos os serviços de saúde, de forma preventiva, principalmente pelo medo de descobrirem doenças. No caso dos caminhoneiros, a falta de alimentação adequada, estresse, sedentarismo, são alguns dos fatores que podem interferir na vida desses trabalhadores.
“A Política Pública de Saúde do Homem tem dez anos. O programa de saúde do homem precisa, definitivamente, ser colocado em prática dentro dos municípios, os gestores municipais, aqueles municípios que não tem gestão plena, que estão da gestão básica, que façam de uma maneira oficializada o encaminhamento, façam as pactuações para os municípios maiores para eles que deem oportunidade aos seus munícipes, aos seus cidadãos, porque a vida não acontece em Brasília, a vida se realiza lá na cidade, é na rua onde o caminhão está parado”, disse.
E comentou ainda: “O sujeito que viaja de segunda a sexta, chega sábado à noite em casa, dorme para domingo, onde o posto de saúde está fechado. Que dia ele vai ao médico? Como ele vai fazer? É no Natal? É no feriado? Nós não temos ações de governo preparadas para a exceção.”
O representante da SBU disse ainda que é necessário que esses profissionais adicionem em suas carteiras de motoristas outras “categorias”.
“Em vez de a sua carteira de motorista ser só a categoria C, D e E, a gente possa fazer a categoria P de pai de família, preocupado que ele é com a educação dos seus filhos, preocupado também com a sua própria saúde. A categoria S, ser humano completo e feliz, que tenha a dignidade de sair da sua casa e, ao regressar, manter a qualidade de saúde, que é fundamental para o desempenho da profissão.”
Abramet
Ricardo Irajá Hegele, que é médico de tráfego em Porto Alegre, explanou sobre a função da Medicina de Tráfego, que cuida da manutenção do bem-estar físico, psíquico e social dos trabalhadores. E também trata da prevenção dos acidentes do tráfego, entre outras atribuições.
O representante da Abramet disse que entre as principais causas médicas de acidentes fatais estão cardiopatias, crises conclusivas, transtornos mentais, demências cognitivas, hipoglicemia e apneia do sono.
“Isso tudo é uma oportunidade para que nós, médicos de tráfego, possamos orientar sobre esses riscos que esse motorista tem. Não somente aqueles riscos físicos, químicos ou biológicos, e ergonômicos, que ele está submetido ao trabalho, mas pelo risco do adoecimento e da perda da sua saúde, da perda da sua capacidade de trabalho”, comentou.
Sindicato do Trabalhador Rodoviário
Luiz Aníbal fez um apelo para que a emenda da morte, Emenda Constitucional (EC) 95 que limitou gastos do setor público, não prejudique a categoria.
“A EC 95 está servindo para tirar vidas de nossos cidadãos brasileiros. O SUS (Sistema Único de Saúde) é o melhor plano de saúde”, disse.
Relatou a sua experiência, que por excesso de peso, deslocou uma costela e esta furou um dos pulmões, assim ficando 14 dias internado.
“Então, senhores, nós não aprendemos a nos cuidar, aprendemos a trabalhar. É tão importante discutir saúde do trabalhador, nós precisamos muito do apoio do Sest/Senat, nós precisamos muito do apoio do senhor deputado, de todos os deputados, senadores, para garantir um SUS, que nos dê todo esse atendimento”, comentou.
Ministério da Saúde
Danilo Campos da Luz e Silva mostrou um projeto do Ministério da Saúde, em parceria com o Ministério da Infraestrutura, voltado para trabalhadores de cargas rodoviárias.
Hoje, a população masculina é de 103,9 milhões, sendo 31,6 milhões (30,4%) de 0 a19 anos, 59,8 milhões (57,6%) de 20 a 59 anos e 12,5 milhões (12%) com 60 anos ou mais.
Falou ainda sobre a atenção do ministério sobre o acesso à Atenção Primária à Saúde (APS) para os caminhoneiros, de forma a agilizar o atendimento a esses profissionais.
Heloiza Helena Casagrande Bastos apresentou normas referentes à saúde do trabalhador e sobre a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora.
“Então, nós temos como público-alvo dessa Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, todos os trabalhadores, deixando aqui claro que a saúde do motorista há anos vem sendo tratada como prioridade na Coordenação Geral de Saúde do Trabalhador”, comentou.