O ex-presidente do Bando Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Carlos Lessa foi ouvido, na manhã desta quinta-feira (10), pelos membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados que investiga financiamentos concedidos pelo banco. Membro do colegiado, o deputado federal Sergio Vidigal (PDT-ES) questionou se os juros arrecadados pelo banco seriam suficientes para custear os subsídios oferecidos pela instituição.
“Não acha que a conta pode cair no colo do contribuinte?”, pontuou Vidigal. Lessa acredita que a conta será paga “no presente ou no futuro”. “O subsídio é o instrumento de política econômica. O subsídio não é pecado nem virtude, depende. Qual ele é, quanto ele é e para o quê ele está sendo utilizado. Mas quando pactuamos, por exemplo, que o idoso não paga passagem no transporte coletivo, aceitamos pagar mais caro para subsidiar a empresa para oferecer esse benefício”, destacou.
O parlamentar capixaba levantou a hipótese de haver influência política ou de empresários nas decisões do banco para oferecer empréstimos. “O grupo (de Eike Batista) obteve algumas concessões e teve acesso a um lote de campos de petróleo extremamente promissores. Como teve acesso a essas coisas todas teve um sucesso espetacular quando vendeu ações fora do Brasil. Foi considerado a “bola 7 brasileira”. Como chegou a ser considerado, eu já não sei”, contou Lessa.
Ao fazer seu questionamento Vidigal citou uma fala divulgada pela imprensa atribuída a Lessa que dizia que “o grupo Eike é uma criatura do PT. Digo que a realização do PT no campo social é o Bolsa Família e no campo econômico é colocar Eike no pódio internacional das fortunas. A piada é boa mas verdadeira. Doar mais dinheiro para o Eike, sou contra. Só o porto não paga a dívida dele, não resolve o problema”.
“Com toda a sinceridade digo que assino embaixo se necessário for. Acho que o primeiro mandato do (ex-)presidente Lula produziu, socialmente, muitos reflexos importantes, empurrou para frente. O mais importante foi elevar o poder de compra do salario mínimo real. Agora, confesso que o caso Eike é um caso feio. Eu me pergunto, de onde saiu o grupo Eike? É como se fosse uma (Bolsa Família) para Deus e outra (grupo Eike) para o Diabo”, respondeu Lessa.