O ex-presidente do frigorífico Independência Roberto Graziano Russo prestou depoimentos à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados que investiga os contratos de financiamento do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Membro da Comissão, o deputado federal Sergio Vidigal (PDT-ES) questionou a aplicação da “política dos campeões”, em que, supostamente, o BNDES seleciona companhias para se tornar gigantes em seus setores e competir globalmente.
O capixaba lembrou que quando o frigorífico solicitou recuperação judicial, mais 12 frigoríficos faliram. “O setor financeiro, com apoio dos governos FHC e Lula, criou uma rede de proteção que impedia a quebra bancária. Foi proposital para depois concentrar o setor nas mãos de um dos escolhidos na política dos campeões com empréstimos generosos do BNDES?”
O ex-presidente do Independência se esquivou, mas concordou que houve concentração de atividades, favorecendo a JBS Brasil, empresa que comprou os ativos do Independência. “Não sei se foi uma política nacional ou não, mas estamos diante desta situação, pois houve uma concentração do setor com o aporte do BNDES e, ao mesmo tempo, muitas outras empresas foram eliminadas do mercado”.
Outro ponto abordado pelo pedetista foi o porquê da não liberação de parcelas de recursos do BNDES para a empresa. “Paralisamos algumas fábricas pelo mesmo motivo de termos pedido recuperação judicial, falta de fluxo de caixa. Estávamos aguardando o segundo aporte do BNDES, que não existiu. Não sei o porquê, mas quando pedimos a recuperação judicial, o banco cancelou o contrato”, respondeu Russo.
Ainda em sua fala, Vidigal questionou interferência do governo federal em benefício da JBS para que esta se apropriasse do falido Frigorífico Independência. “A negociação ocorreu diretamente com a JBS. Mas pelos valores pagos, não sei se precisaria de financiamento para a JBS”, finalizou o ex-executivo.