Representantes do Ministério de Minas e Energia (MME), da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), organizações e deputados se reuniram na manhã desta quarta-feira para traçarem objetivos e planos que visem ampliar investimentos para a geração de eletricidade por meio de energias renováveis no País, requerida pelo deputado federal Sergio Vidigal (PDT-ES).
Durante as falas dos sete convidados que participaram do debate, foi unânime a expectativa de que os custos para geração, transmissão e distribuição de energia elétrica caracterizadas como energia renovável sejam reduzidos com o passar do tempo.
Esse era o objetivo de Vidigal, fomentar o debate para ampliar a participação de energias renováveis como solar, eólica, biomassa e hidroelétrica, com o menor impacto possível. “Este é um tema muito presente e necessário, pois discutimos as energias renováveis para reduzir custo da tarifa. Se aumentarmos a oferta e reduzirmos o custo, teremos incentivo no nosso parque industrial e o custo reduzirá essa competitividade. Apesar de termos investido muito em renováveis não-hidráulicas, ainda há muito investimento direcionado nas hidrelétricas”, comentou Vidigal.
Na visão dos convidados, à medida com que se incentiva a implementação de sistemas de energia renovável, ampliando sua utilização através de incentivos e disseminação deste conhecimento, o custo destes sistemas tende a cair, em um país como o Brasil que tem grandes fontes renováveis disponíveis.
Para Christiano Vieira da Silva, Superintendente de Regulação dos Serviços de Geração da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a utilização de fontes renováveis de energia no Brasil já é uma realidade. “Nosso desafio é ampliar a utilização destes sistemas através de incentivos fiscais e simplificação de regras e regulamentações, trabalhando também na nacionalização tecnologias e na regulamentação de equipamentos”.
Newton José Leme Duarte, diretor da Área de Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) acredita no potencial energético brasileiro. “Somos o pais mais renovável do mundo. Somos o que a maioria dos países gostaria de ser. Temos potencial imenso para crescer na geração solar. E o pior sol do Brasil é melhor que o melhor sol da Alemanha”, destacou. Duarte chamou a atenção para o custo da energia no Brasil, onde um trabalhador que ganha salário mínimo precisa trabalhar 16 dias para pagar por 100kwh. No Canadá, um trabalhador que ganha salário mínimo trabalha apenas 1,6 dia pelos mesmos 100kwh.
Os ventos podem ser uma solução para a produção de energia no Brasil, conforme detalhou Elbia Silva Gannoum, Presidente-Executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica).
“Somos um país rico em recursos renováveis, nosso desafio é administrar tanta riqueza. Temos desafios importantes no contexto atual, tanto no cenário político quanto no econômico, mas temos indicadores positivos para o futuro. Ao contrário da economia nacional, o setor tem investido e, no ano passado, crescemos 46%, com investimentos da ordem de R$ 20 bilhões. O Brasil, hoje, produz a energia eólica mais barata do mundo e, aqui no Brasil, só perde para as gigantes hidroelétricas. Neste cenário, temos que ter sabedoria para não inibir os investimentos nesta área de renováveis”, analisou.
Social
Uma forma de expandir a utilização de fontes renováveis de energia sugerida na audiência pública seria através de incentivos de aplicação em áreas de interesse social. Já em funcionamento no Rio de Janeiro, Pol Dhuyvetter, presidente da Associação RevoluSolar, destacou o exemplo implantado pela organização em favelas cariocas.
“Queremos trazer uma revolução sustentável para favelas do Rio. Fazemos parcerias que facilitam o financiamento para que os moradores das comunidades invistam em gerações de energias renováveis e, comparando com as tarifas pagas pelos usuários no Rio de Janeiro, em até 5 anos, o investimento é recuperado e o sistema é de propriedade do morador”, contou o belga que reside na favela da Babilônia.
Na mesma linha, Eduardo Azevedo Rodrigues, Secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia (MME) lembrou que o ministério tem trabalhado para encontrar maneiras para facilitar este mercado e democratizar a cobrança de tarifas de usuários que passem a produzir sua própria energia.
Planejamento
De acordo com dados apresentados durante as exposições, “há uma sobre oferta hoje, até 2021, mais ou menos Poderíamos usar este período para investir em uma busca de energias renováveis não-hidrelétricas. Não podemos ficar reféns de grandes projetos hidrelétricos na região da Amazônia”, comentou André Ferreira, Presidente do Instituto de Energia e Meio Ambiente – IEMA.
A principal demanda dos produtores independentes é um mercado estável no campo politico e no regulatório, comentou Rodrigo Soares, Representante da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Energia Elétrica (Apine).
“Precisamos dar segurança aos investidores para contratos de longo prazo que, geralmente, englobam estruturas de alto valor. Ampliando o mercado livre, ampliamos a demanda e a oferta, barateando os custos. Os impedimentos ambientais e a forma de distribuição são preocupações de investidores e precisam ser melhor planejados”, completou.