Durante a terceira edição da série Encontros: Soluções para uma nova Serra realizado nesta segunda-feira (9), o deputado federal Sergio Vidigal, um dos palestrantes, avaliou que, neste momento de crise a administração pública tem um papel fundamental na hora de investir, garantindo emprego e renda à população.
“Não podemos deixar de investir. Quando não tem dinheiro para investir, temos que trabalhar PPP (Parceria público-privada), captação de recurso, pois temos que manter a população trabalhando. Precisamos buscar mecanismos para que o poder público contribua com esse momento de crise, para que ela possa ser superada”, disse Vidigal.
Convidado a contribuir com o debate dessa semana, o secretario de Estado de Economia e Planejamento, Régis Mattos, falou sobre o cenário econômico nacional e local e ainda sugeriu alternativas de como vencer essa crise atual. “Antes de mais nada, precisamos fazer uma análise do que aconteceu e o que foi feito no Brasil e tomar isso como lição. Depois, temos que reconhecer as bases que poderemos nos assentar para a retomada do crescimento que, além de possível, é necessária”, disse.
Durante sua fala, Mattos lembrou que o cenário de crise não é algo novo tanto no Brasil quanto no Espírito Santo. Segundo o executivo do governo capixaba, “desde 2011 a confiança do consumidor, do empresário, vem caindo, deteriorando suas expectativas”. Para ele, o cenário em que está o Brasil hoje é resultado de uma série de atitudes tomadas nos últimos governos, que resumiu como um “endividamento como forma de consumo, mas que já se esgotou, com famílias superendividadas, sem condições de assumir novos créditos”.
Na comparação com economias internacionais, o economista crava que a crise é nacional. “Muitos dizem que o problema do brasil é a crise internacional. Não é! a economia nacional já vinha patinando desde 2011 e 2012. Há uma influência internacional na economia do país, sim, pois importamos e exportamos. Mas o mundo continua crescendo a uma taxa média de 3% a 4% e as commodities caíram de valor mais recentemente. Definitivamente, a crise internacional não é o principal fator dos nossos problemas. Nossos problemas tem origem tupiniquim mesmo.”
Como pilares que podem auxiliar as administrações a reverterem o quadro, Mattos, que lembrou que somente em abril 3.600 postos de trabalho foram fechados no Espírito Santo, destaca o mercado consumidor interno. “Apesar da crise, ainda somos o oitavo maior mercado interno do mundo. Além disso, por conta da crise, as indústrias diminuíram suas produções, ampliando a capacidade ociosa, permitindo que a recuperação seja rápida, quando acontecer”, acredita. Porém, no que tange à geração de emprego, as expectativas não são animadoras para o secretários. “Minha expectativa em relação a emprego para os próximos meses, mesmo que a economia começasse a dar esperança com um eventual novo governo, ainda assim o desemprego continuará aumentando por mais alguns meses, pelo menos até o fim deste ano.”
Aprendizado
O deputado federal Sergio Vidigal, também convidado a participar do debate, concordou com que foi dito pelo secretário Régis Mattos. “O que não podemos aproveitar daquilo que foi implementado nesse país? O que deu errado que não podemos colocar na gestão pública mais? Nosso maior erro foi o país trabalhar com esse movimento e projetos em que tudo pode, que tudo é gratuito”, disse.
Na avaliação de Vidigal, um dos motivos que levou a classe política a ficar desacreditada foi a série de promessas eleitoreiras e que depois não foram cumpridas. Para ele, o momento do país e da política é outro.
“Não dá para fazer política prometendo que vai entregar tudo e não entregar nada depois. Por isso a classe política está desacreditada. Temos que resgatar nossa credibilidade. Não podemos dizer que a administração tem como dar reajustes de um valor tal, contratar uma série de novos servidores, dar isenção de impostos, colocar ônibus de graça para levar alunos para faculdades em outros municípios… Não dá mais para fazer essa política que tudo pode, pois o preço depois é muito maior e quem paga o preço muito alto é o setor produtivo e o trabalhador. A prova disso é que, para se ganhar eleição, o país errou muito”, avaliou o pedetista.
Além de garantir investimentos capazes de manterem emprego e renda à população, mas sem interferir negativamente nas finanças públicas, Vidigal não vê outra alternativa às administrações. “Aqui no Brasil, o trabalhador precisa de 2.600 horas por ano só para pagar imposto. E para onde vai nossos impostos? O setor público emprega demais, gasta-se mal, não busca qualidade e eficiência na gestão pública. Esse é o desafio novo para novos governantes. O que fazer no momento de crise, sem receita? Hoje em dia não adianta só investir em saúde ou educação sem mudar o modelo de gestão. Nós precisamos enxugar o governo para a máquina pública economizar dinheiro e poder fazer investimentos na saúde, na educação, em obras estruturais.”
Encontros
Organizado e promovido pelo PDT municipal da Serra, a série de 12 Encontros: Soluções para uma nova Serra já está em sua terceira edição, sempre debatendo temas específicos com a população.
“Estamos trabalhando nessa sintonia e na parceria com toda a sociedade, participando junto com a gente para que possamos construir, efetivamente, um projeto onde o cidadão se sinta contemplado na cidade, onde possa viver, educar seus filhos, com saúde digna, viver de forma mais segura. O modelo pedetista de governar sempre foi priorizar as políticas públicas na cidade. O PDT sempre teve as prioridades da população”, comentou a presidente municipal da sigla, Sueli Vidigal.