Vidigal questiona Barusco sobre obras no Espírito Santo

Atuação Imprensa

A CPI do BNDES se reuniu na última quinta-feira (3) para tomada de depoimento do ex-gerente de serviços da Petrobras Pedro Barusco, um dos delatores da Operação Lava-Jato. Na oportunidade, o deputado federal Sergio Vidigal (PDT-ES) questionou Barusco sobre as obras do gasoduto Gasene entre o Espírito Santo e a Bahia. Trata-se de um empreendimento que contou com recursos do BNDES: R$ 4,5 bilhões.

“Para construir os mil e trezentos quilômetros de sua extensão, a Petrobras criou uma empresa privada, a Transportadora Gasene, o que foi questionado por auditoria do TCU que informa que a transportadora era uma empresa de fachada, constituída para burlar a fiscalização dos recursos empregados na obra, que custou R$ 6 bilhões”, afirmou o deputado.

Luciano Coutinho, presidente do BNDES, negou na CPI do BNDES que a transportadora era uma empresa de fachada e justificou o projeto, relatando que a Transportadora Gasene, controlada pela Gasene Participações, era uma associação do banco Santander com uma pessoa física. A principal garantia do projeto, de acordo com o presidente do BNDES, era um contrato da Petrobras com a Gasene para a compra do gás. Depois de construído o gasoduto, ele foi incorporado pela TAG (subsidiária de gás da Petrobras) e hoje a dívida com o BNDES é da Petrobras.

“O senhor disse na CPI da Petrobras que houve pagamento de propina dessa obra, com parte de recursos destinados ao PT. Gostaria que detalhasse como se davam essas operações de propinas”, questionou Vidigal ao ex-gerente da Petrobras.

Barusco afirmou que as obras do gasoduto Gasene se trataram de contratos extensos licitado em 5 ou 6 trechos. “Em alguns desses contratos houve pagamento de propina ao grupo de empreiteiras já denunciado na operação Lava Jato. O valor combinado foi de 1%, sendo metade pago ao PT e para outros partidos”, afirmou Barusco.

Sede da Petrobras na Reta da Penha
O deputado capixaba Sergio Vidigal ainda questionou o ex-presidente da Petrobras sobre o pagamento de propina na construção da sede da Petrobras, no Espírito Santo, construída na Reta da Penha.

“Na delação do presidente da Camargo Correa, Dalton Avancini, ele afirmou que o gerente-geral do centro administrativo da estatal, Celso Aripe, que comandava a obra da sede da Petrobras no Estado, é acusado receber propina na ordem de R$ 8,5 milhões. Parte desses valores foram repassados para políticos do Espírito Santo?”, questionou o pedetista.

A esta pergunta o ex-diretor da Petrobras afirmou que não saberia informar se isso aconteceu.

Outra pergunta do deputado capixaba foi de como um sistema de corrupção tão grande foi estruturado envolvendo as maiores empresas do país. Barusco afirmou que não saberia responder quando a corrupção começou na estatal, mas completou que quando entrou na empresa em 2003 o esquema já existia.

Prorrogação da CPI por 60 dias
Titular da CPI do BNDES, o deputado federal Sergio Vidigal (PDT-ES), protocolou dois requerimentos hoje na CPI do BNDES. Um deles solicita a prorrogação dos trabalhos da Comissão por até 60 dias, o deputado engrossa o coro dos que pedem a continuidade das investigações.

O presidente da comissão, deputado Marcos Rotta (PMDB-AM) e o relator José Rocha (PR-BA), já solicitaram ao presidente da Câmara que prorrogue os trabalhos da comissão por mais 30 dias. Pedido que ainda continua sem resposta. Se não for prorrogada, a CPI será encerrada na sexta-feira.

Vidigal ainda pede a convocação do atual presidente do BNDES, Luciano Coutinho, que já esteve na comissão como convidado. O deputado justifica a convocação pelos novos fatos que surgiram, inclusive envolvendo contratos e dívida de R$ 400 milhões do pecuarista preso e amigo do ex-presidente Lula, José Carlos Bumlai com o Banco.